sábado, 24 de abril de 2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Eliana Lawin

Este é o poema de uma macieira.

Quem quiser lê-lo,

Quem quiser vê-lo,

Venha olhá-lo daqui a tarde inteira.

Floriu assim pela primeira vez.

Deu-lhe um sol de noivado,

E toda a virgindade se desfez

Neste lirismo fecundado.

São dois braços abertos de brancura;

Mas em redor

Não há coisa mais pura,

Nem promessa maior.

Eliana Lawin

FALANDO DE AMOR ...
O amor é uma brisa no olhar,
É uma luta contra o coração,
Também, um pensamento sem razão.
O amor é um sonhar acordado,
É um furacão,
Que surge dentro do coração.
O amor é um eclipse no final de um beijo,
É uma estação, é inverno e é verão,
É um raio de sol iluminando o coração.
O amor é a chama incandescente,
É o sorriso contente,
É o cuidar da gente,
Mas, também é a saudade de quem está ausente.
Por tudo isso quero dizer:
Eu amo você !

Lembrar

Lembrar não é viver no passado é voltar a viver no presente. Para não lembrar precisaria, antes de tudo, esquecer. Não, não há como apagar da mente tudo quanto se viveu. A mim me bastam as lembranças elas me entregam um retrato de tudo quanto fui. Criança, adolescente, mulher madura. Só não vou poder lembrar da minha velhice, ela passará comigo. A criança ficou, a adolescente ficou a mulher madura recolheu sonhos, alegrias, lembranças, tristezas e com eles escreveu sua história.
Um dia minha alma recebeu o seu primeiro tempo, o da infância. E eu, como fazem os pássaros, construí o meu primeiro ninho nas fruteiras do quintal, com as imagens, com os sons, com o cheiro doce de frutos maduros. Ali, todas as manhãs rindo ou chorando depositava os dias que passavam, tristes ou alegres, até o momento em que recebi o meu segundo tempo, o da adolescência. Abriu-se uma porta para um outro mundo e nele construí um ninho feito de sonhos, de crenças, de amor, de descobertas. A vida, então, era uma festa desde o amanhecer até o anoitecer. Nas madrugadas o toque de violões, me acordava para sonhar. Até o céu era um céu especial. A lua feito um gigante, engolia nuvens resgatava estrelas.
Quando a vida sinalizou novamente, a árvore madura transformou-se em ninho.

CERTIFICADO DE VIDA

O dia amanhece. A claridade do sol varre para longe a escuridão presa nos olhos sonolentos. Abro a janela. O mundo dá sinais de vida.
O canto dos pássaros avisa-me de que posso ouvir. O pé de jasmim embaixo da janela diz-me que posso sentir os cheiros do mundo. As borboletas esvoaçando por sobre as flores avisam-me de que “há muita vida lá fora”. As pernas dizem-me que posso andar, os braços, que posso abraçar. Do fundo do quintal, chega-me o perfume do bogari e do jasmim laranja. Há, sempre, nas manhãs de sol, uma mensagem qualquer escondia nas pequenas coisas que às vezes olhamos sem ver. Olhamos, sim, para trás e nos questionamos de tudo quanto gostaríamos de ter feito e o quanto ainda existe por fazer. Lamentar não reconstrói nem devolve os erros transformados em acertos.
Esta manhã dourada, plena de amor e de energia entrega-me um certificado de vida.
O pássaro canta, veio para cantar. Ninguém manda nem ensina. Preso na gaiola se faz de mudo. Desaprende. Entristece.
O homem escreve, compõe e, na verdade, não cria nada. Nem canta como o pássaro, nem exala perfume como as flores, nem voa como as borboletas. Acredita que é soberano enquanto copia a natureza para poder escrever, pintar, compor.
O artista, seja lá de qual for a arte, começa uma obra. Logo percebe um passarinho que canta, mesmo que não seja o sabiá que cantava nas palmeiras das terras de Cassimiro. O vento, parceiro indispensável chega para ajudar a maldita da inspiração, mesmo que não seja o vento que “balança as palhas do coqueiro”. O mar não tem descanso nas idas e vindas, entra nas criações e não importa se é ou não “doce morrer no mar nas ondas verdes do mar”.
Ninguém paga pelos serviço desess coadjuvantes sem os quais as histórias não passariam de meras ideias.
A arte é apenas a natureza aprisionada.
Por que me calo e deixo de celebrar, todos os dias, a vida que corre nas artérias das manhãs?