sábado, 13 de março de 2010

ELIANA LAWIN

No momento em que me cresce nos olhos a morte dos sorrisos as palavras são pancadas secas reinventadas numa natureza morta com lágrimas Com um sussurro na boca inspiro e expiro pétalas E na explosão do silêncio, acabo de nascer na ausência Sim as lágrimas cheiram a tulipas. Assusta-me a respiração desordenada dos instantes onde o esquecimento está entre o sol e o sal. Dividida entre a luz inocente e as sílabas que a matam devia fazer frio mas o sol é espesso as tulipas e as mãos escrevem palavras no limiar da caligrafia cristalizam-se estribilhos de mágoa. Ninguém lê nas lacunas que separam a sombra dos dias e onde começa a dor, voam lábios atados pelo silêncio. A luz inocente aguarda a noite onde as mãos abandonam-se aos dias por abrir Quando os rumores dão um nó nas lágrimas que me bebem os olhos as noites são frágeis e cortam o amanhecer. Lentamente a luz cai sobre as palavras tenho feridas no limiar da manhã quando vocábulos dançam a pique numa metamorfose que lentamente cai sobre as palavras.