sábado, 13 de março de 2010

Toma a minha vida...

Toma a minha vida Serve-te dela Respira pelos meus pulmões Toma a minha voz E diz através dela as coisas indiziveis pela tua Corrompe a minha alma com os tormentos que mutilam a tua Queima a minha carne como se a tua castigasses pelos pecados que te negas Prostitui o meu corpo com os amores de rua que amas com desprezo Envenena-me as ideias com os medicamentos viciantes que te deturpam a visão Anda com os meus pés nessa rua mal iluminada de piso encharcado Chora com as minhas lágrimas as dores que não sabes sentir Abraça os estranhos com os meus braços Conta as minhas histórias para esconderes as tuas Abre a janela do meu quarto em vez da tua de vidro partido Deita-te na minha cama Não na tua Essa fede ao horror do teu suor Olha-te no meu espelho Ele reflecte os meus olhos, não a tua verdade Deita-te no meu regaço Aninha-te no meu colo Conta-me os teus segredos Tesouro trancado em cofre sem chave Esconde-te aqui Na palma da minha mão Não abro os dedos Por mais que se me sangrem as unhas...