quarta-feira, 3 de março de 2010

Árvores do Alentejo de Florbela Espanca.

Horas mortas… Curvada aos pés do Monte A planície é um brasido e, torturadas, As árvores sangrentas, revoltadas, Gritam a Deus a benção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte A oiro a giesta, a arder, pelas estradas, Esfíngicas, recortam desgrenhadas Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram, Almas iguais à minha, almas que imploram Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede: Também ando a gritar, morta de sede, Pedindo a Deus a minha gota de água!