Só a leve esperança em toda a vida Disfarça a pena de viver, mais nada; Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda.
O eterno sonho da alma desterrada, Sonho que a traz ansiosa e embevecida, É uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida.
Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa que sonhamos, Toda arreada de dourados pomos,
Existe, sim; mas nós não a alcançamos Porque está sempre apenas onde a pomos, E nunca a pomos onde nós estamos.