sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

AI DE TI HAITI

Ai de ti Ai de quem? Eu bem que te esqueci Adormeci, mas agora vi Seus tombos e escombros. Com bocas limpas de palavras Rezamos com as feridas Para tudo voltar De manhã cedinho Na órbita do esperar. Quando nada faz sentido É hora de não morrer, Construir na mentira Visões de um mundo aberto. Então cantemos! Sempre cantaremos Na estafa dos dias mesmos Mesmas rezas e noites Só o cantar é lágrima Por abundância de vida. Em nenhum mistério acredito (Que não seja o de cantar) O céu e os cofres da antemanhã Alimentam seus segredos E os ventres que te levam ao degredo. Ai de teu corpo entorpecido Pela dor da fome Que não te deixa acordar. Parte sem ver - os olhos Indiferentes que te cercaram. Panelas dóceis recebem a carne Agora vamos comer Pedaços de carne escrava, Agora vamos cantar P´ra não calar e morrer.