sábado, 27 de março de 2010

Escrevo

Escrevo porque ninguém ouve. Escrevo porque ninguém tenta perceber o silêncio. Simplesmente escrevo... e tudo o que escrevo é verdade, mesmo que não passe de imaginação. Amontoam-se as palavras soltas, no infinito das folhas azuis, brancas e amarelas espalhadas pelo chão do meu quarto. Em todas um pedaço de ti e um nada de mim. Escrevo-te porque estás longe e não anseias ficar próximo. Atraso o relógio, acrescento ao calendário dias que não existem, tropeço no ar e caio na imensidão do vazio. Permito que o tempo vá escrevendo a minha história com as memórias que eu ainda não vivi. Os dias vão-se atropelando uns aos outros e enleiam-se o passado o presente e o futuro. O corpo paralisa na apatia deste momento envolto de sonhos. Sinto-me ausente de mim. Sinto-te ausente de mim. Não. Hoje não escrevo.