sábado, 27 de março de 2010

A espera

. E o tempo que não passa. E os minutos que não correm. E o segundo que se arrasta. Ainda hoje é quinta e a sexta nunca mais chega. E amanhã é sexta e o sábado está tão longe. E assim se sucedem os dias da semana, numa lentidão desesperada de quem espera. E as horas quase que param. E o tempo ri-se da ânsia de quem corre, no gozo infinito de quem manda e desmanda no que quer. Ah, se eu fosse tempo, hora, minuto, segundo! Voava! Não me deixava descansar… nem um repouso sequer! Mas tenho pés de Cinderela com sapatos de cristal e faltam-me asas. Então, vou em pezinhos de lã, pé ante pé, até chegar de surpresa. E a demora não acaba, a distância não tem fim. Até que chega a hora marcada. Os ponteiros do relógio arrepiam-se com o entusiasmo do reencontro. Depois de tanto tempo que o tempo demorou… a porta abre-se e deixo entrar a minha alma (alma…será que existe mesmo uma igual à nossa?). Num voo desastrado caio nos teus braços, agora o tempo não interessa, já não comanda nem faz esperar. Podes ficar o tempo que quiseres. Não te preocupes, eu sei que os ponteiros do relógio têm medo de ti… E param sempre à tua chegada. .