sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Como sou eu a vidaque se desmoronou dentro de mim?Não vejo senão janelas e paisagens longínquasque embarcaram numa viagempelos meus maiores receios,Uma viagem rendida aos meus meiosde uma vastidão imaculadade asas partidas e ensinadas.Como sou eu o calo de uma árvoreque tombou sob o sopro de Deus?Ou serei eu o próprio sopro que tombou a árvore?Sem raízes, cresceram e desapareceramcom as nuvens que entristeceram...Pintadas de branco numa tela branca,Tropeço nas minhas raízese lembro-me de como ainda existocomo uma sombra sem presença,Infrutífera, desdenhosa e sem crença.São nestes pedaços de papel onde escrevo,onde gastei a tinta da canetaque sempre me foi companheira,Onde me viro para a chuvaque sempre veio quando procurei o Sol...São nestes pedaços de papel onde me banhonas águas divinas de mundo superior,Gota a gota, a beber do sofrimento do céu,O horizonte que chora a alma que se perdeu...Peguei nas minhas asas ensinadase tentei voar sobre o mar,Mas caí e afoguei-me no sonho de separara terra do ar,E acabei por me enterrarNa tristeza ainda por acabar,Perdi-me no horizonte ainda a chorar...