quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

FOLHAS DE ROSA

Todas as prendas que me deste, um dia,Guardei-as, meu encanto, quase a medo,E quando a noite espreita o pôr-do-sol,Eu vou falar com elas em segredo...E falo-lhes d’amores e de ilusões,Choro e rio com elas, mansamente...Pouco a pouco o perfume do outrora Flutua em volta delas, docemente...Pelo copinho de cristal e prata Bebo uma saudade estranha e vaga,Uma saudade imensa e infinita Que, triste, me deslumbra e m’embriaga O espelho de prata cinzelada,A doce oferta que eu amava tanto,Que reflectia outrora tantos risos,E agora reflecte apenas pranto,E o colar de pedras preciosas,De lágrimas e estrelas constelado,Resumem em seus brilhos o que tenho De vago e de feliz no meu passado...Mas de todas as prendas, a mais rara,Aquela que mais fala à fantasia,São as folhas daquela rosa branca Que a meus pés desfolhaste, aquele dia...