quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Desterrada

Com os olhos de criança é que te vejo Minha terra, meu berço de embalar,Minha infância feliz, minha esperança,Meu desejo constante de voltar.Meu convento de sonho, meu rio verde Correndo, como eu no teu jardim,Minha lembrança que jamais se perde,Meus sonhos de menina sem ter fim.No dia que eu morrer irei lembrar Todos os que amei e já perdi E aqueles que ainda cá estão.E, se virem, no meu rosto correr água,Não pensem que são lágrimas de mágoaSão salpicos da Roda do Mouchão.Hoje faço 65 anos. Tive a alegria de ver de novo o meu irmão. Foi um momento apenas, mas que me fez ganhar o dia.Depois, lembrei-me da minha (nossa) terra, do rio, de duas figuras incontornáveis, nascidas em Tomar, como eu.Nas margens do mesmo rio fomos meninos. Eles, foram grandes homens. Eu, a Maria pequenina, frágil de corpo e alma, ao pé dos dois mestres, mas com o mesmo amor pela terra que nos foi berço.Eles que me perdoem, a singela homenagem, aos dois e ao nosso Nabão.Até um dia destes e façam o favor de ser felizes. Eu hoje fui.